Lula e a Revolução

Lula e a Revolução

A recente soltura de Lula significa uma revolução? É um acontecimento que, mesmo a médio prazo, pode alterar a conjuntura política de forma decisiva? Para nós, do MM5, não. A história já deixou claro que Lula nunca foi e jamais será um líder revolucionário.

Evidentemente, a soltura de Lula pode, dependendo do que ele fizer e da forma como venha a se posicionar politicamente, constituir-se num marco de mudança conjuntural que aprofunde as divergências e tensionamentos no interior da política burguesa e do reformismo. Sobretudo pelo fato de Lula, como liderança, ainda carregar uma expressiva simbologia proletária vinculada à retomada das lutas sindicais desde o final dos anos 70. Mas a soltura de Lula, por mais que contribua para elevar a tensão no interior da política burguesa — o que já vem ocorrendo por meio de conflitos cada vez mais frequentes do governo Bolsonaro com a TV Globo, o Congresso Nacional e o Poder Judiciário, entre outros —, não será capaz de provocar uma mudança qualitativa da conjuntura a ponto de alterar a correlação de forças burguesia x proletariado e, assim, ameaçar a dominação burguesa no Brasil. Isto porque não acreditamos que Lula vá assumir posições de interesse estratégico para o proletariado brasileiro, como já ficou inúmeras vezes demonstrado pela política de conciliação com a burguesia e o imperialismo que foi a marca registrada das administrações petistas. Por isso que, do ponto de vista proletário e dos interesses estratégicos do proletariado, Lula não poderá — nem tem nenhum interesse — em radicalizar as lutas de classe na linha de uma ruptura revolucionária.

Apesar disso, para nós, comunistas, o aprofundamento das contradições no campo da política burguesa e do reformismo, potencializado pela soltura de Lula, pode efetivamente abrir espaços para que ampliemos nossa propaganda e agitação revolucionárias no seio do proletariado. Por isso que nós, do MM5, estamos e estaremos abertos a alianças com os movimentos de trabalhadores e as forças políticas (incluindo o próprio PT de Lula) que, nas frentes sindicais, queiram organizar a classe para a necessária luta contra a exploração e os cortes de direitos. Mas frisamos: apenas na frente sindical, e não na construção de uma aproximação política com esses setores, incluindo Lula, com os quais não possuimos identidade nem compromisso estratégico.

A intensidade de nossa propaganda com vistas a acumular forças proletárias e revolucionárias se justifica ainda mais por ter sido a decisão do STF que permitiu a soltura de Lula um indicativo de recuo e enfraquecimento da política burguesa, uma derrota momentânea também para as pretensões do governo Bolsonaro de acumular forças rumo à construção e instauração de um governo protofascista no país.

O MM5 sempre foi pela libertação de Lula, independentemente das posições recuadas e conciliatórias que ele praticou durante seus dois governos em relação à burguesia e ao imperialismo. A exemplo de outras organizações políticas, participamos da campanha pela libertação de Lula — com presença inclusive no acampamento de Curitiba — porque a prisão de Lula foi na verdade um ataque a todo o movimento operário e sua histórica simbologia de resistência e luta por direitos dos trabalhadores.

Como liderança política, no entanto, Lula precisa ser superado por uma genuína consciência proletária que não mais reifique as ilusões da ideologia burguesa, como a crença na democracia, em eleições regulares e na institucionalidade como ‘caminho’ a ser trilhado pela classe trabalhadora. Ilusões que, na prática, impedem o acúmulo de forças revolucionárias e servem à reação.

Venceremos!

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