Por um 1º de Maio combativo e proletário!

Por um 1º de Maio combativo e proletário!

O Movimento Marxista 5 de Maio (MM5) considera mais do que um desrespeito ao Dia 1º de Maio a convocação assinada pelas centrais sindicais do Rio de Janeiro: a chamada foi dirigida aos “torcedores pela democracia” e anunciou um “golzinho pela democracia”.

Contaminada ainda por apresentações teatrais de estilo chanchada, a multiprogramação anunciou também oficinas de batuque, aula pública de parlamentar e não se inibiu em transformar em carnavalização o Dia Internacional dos Trabalhadores. O bloco de carnaval e batucada apresentado por uma das organizações da esquerda neorreformista gramsciana, além de desqualificar ideológica, política e historicamente o advento do 1º de Maio, vem impedindo a concentração necessária dos trabalhadores para se aprofundarem nos temas complexos da conjuntura nacional e mundial. Eles não se atentam que a libertação dos trabalhadores é tarefa dos próprios trabalhadores, como assegurou Marx no manifesto inaugural da AIT, e a história sempre o comprovou.

Por isso, leninistas que somos, não estamos autorizados pelo programa político que orienta as estratégias e as táticas da nossa organização na luta de classes a conceder legitimidade a esta farsa. As nossas relações com a esquerda, em geral, e com setores do movimento sindical e estudantil, não podem ultrapassar os limites da consciência de classe em si, que possibilitem uma prática comum em defesa de consignas que possam sustentar a luta da classe trabalhadora contra as atuais reformas ultraliberais em curso. Devemos e podemos lutar pela ampliação de conquistas econômicas, sociais e previdenciárias, como forma de barrar o avanço do capital contra a classe trabalhadora.

O abandono da ortodoxia marxista e a sua aflição pelo revisionismo do marxismo resultou na adesão da maioria da esquerda ao campo da ideologia pós-moderna, que os incapacita de refletir sobre a sua própria prática política. É precisamente esta ideologia pós-moderna, democrática e liberal que os impede de discernir sobre a particularidade entre o campo sindical e o político.

Os vários segmentos da esquerda – o reformismo clássico, o neorreformismo, o trotskismo, o anarquismo – e suas variantes confundem as relações entre partido e sindicato. Ao venerarem a democracia como um valor universal, submetem as táticas de sua intervenção sindical à sua estratégia política – eleitoral, institucional, parlamentar –, partidarizando o sindicato e rebaixando a estratégia política do proletariado ao confinamento à conciliação de classes e à sustentação do establishment.

Daí considerarem que o 1º de Maio deve ser festivo e palco de sua militância ao mesmo tempo fluida e efêmera, voltada quase que exclusivamente para as políticas identitárias, que fragmentam a identidade de classe do proletariado, aprisionando-o aos grilhões da ideologia pequeno-burguesa, individualista e consumista, portanto, retardando, consequentemente, a sua emancipação histórica e a luta pelo socialismo.

As escolhas que fazem estão maculadas pelo senso comum que os obriga a rechaçar a teoria enquanto elemento fundamental para a práxis política transformadora, conduzindo-os para longe da concepção de vanguarda política. Por rechaçarem a importância histórica da vanguarda proletária, vagueiam na ilusão de que podem se comunicar com as massas trabalhadoras, ignorando a existência dos aparatos de dominação ideológica, política e cultural da burguesia.

Basta! A unidade com a esquerda – apenas no campo sindical, insistimos – deve se dar tão somente sob estes limites abordados acima. Os limites da consciência sindical.

Não fazemos frentes políticas pela defesa da democracia, pois lutamos pelo socialismo e pelo comunismo, sistemas antagônicos ao regime de dominação burguesa, que sustenta e reproduz a propriedade privada e a exploração dos trabalhadores. Não queremos reduzir as contradições de classes, mas aboli-las, como anuncia Marx na Carta ao Comitê Central da Liga dos Comunistas, em 1850; muito menos queremos melhorar a sociedade capitalista, mas destruí-la e sobre suas cinzas erguer a ditadura do proletariado, cuja ação da vanguarda revolucionária construirá, num longo processo histórico, a sociedade humana, na qual a liberdade, a solidariedade, o amor e a paz se constituirão em cláusulas pétreas da sociedade sem classes, do comunismo.

A organização do 1º de Maio no Rio de Janeiro e na maioria dos estados foi desonrada pela carnavalização da política e pela banalização das reivindicações imediatas e históricas dos trabalhadores. Não toleramos o argumento em defesa da carnavalização, de que os trabalhadores acham “maçantes” as discussões políticas e os discursos inflamados dos militantes. Não toleramos a concepção metafísica, antidialética, portanto, de que precisamos submeter o nosso discurso à ordem imposta pela indústria cultural burguesa aos trabalhadores. Não toleramos o desrespeito com a história do 1º de Maio.

O 1º de Maio é um dia de luta. Relembramos e saudamos os mártires de Chicago, os anarquistas Albert Parsons, Adolph Fischer, Georg Engel, August Spies e Louis Lingg, que lideraram um movimento grevista pela diminuição da jornada de trabalho de 16 para 8 horas semanais. A greve começou no dia 1º de maio, sendo que nos dias 3 e 4, durante manifestações dos grevistas, policiais provocaram um atentado para justificar ações repressivas nas quais morreram três trabalhadores e sete policiais, resultando na prisão de várias lideranças grevistas. Lingg suicidou-se na cadeia e Parsons, Ficher, Engel e Spies foram enforcados no dia 11 de novembro de 1887, enquanto outros três militantes foram condenados à prisão perpétua e posteriormente inocentados, em 1893.

Tantos outros mártires tombaram assassinados, como Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht, Che Guevara, Hugo Chávez, Olga Benário e os brasileiros Carlos Lamarca, Pedro Pomar e Mariguela. À memória deles e de tantos que foram massacrados nos porões da dominação de classes, exigimos respeito.

O proletariado brasileiro e mundial obteve muitas conquistas, mas também derrotas que não nos permitem a adoção de práticas alienantes e despolitizadoras da classe. A insistência nesta prática abjeta expressa a completa falta de compromisso com a práxis política e demonstra o desprezo pela filosofia política e pela ciência histórica.

Fomos ao ato com uma representação política para disputar uma intervenção crítica ao microfone, na qual pudéssemos saudar o Dia Internacional dos Trabalhadores e criticar duramente esta prática alienada e alienante.

Viva o 1º de Maio.

Venceremos!

A seguir, assista ao vídeo da intervenção crítica do militante do MM5 no ato do 1º de Maio no Rio de Janeiro, clicando no link abaixo:

 

https://youtu.be/EjTNCw874_c

 

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