A farsa eleitoral de 2022 já começou

A farsa eleitoral de 2022 já começou

A corrida em torno das próximas eleições no Brasil já começou, como atestam as recentes movimentações de candidaturas no interior do campo burguês e da própria esquerda reformista. Tudo para, mais uma vez, iludir e enganar o proletariado com promessas mágicas de solução para todos os problemas dos trabalhadores. Promessas (como sabemos) vãs e irrealizáveis nos marcos do capitalismo.

O fato que concretamente demarcou o início dessa corrida foi a decisão do STF que recolocou Lula na disputa para 2022. Em reação a isto, no dia 31 de março os pré-candidatos Henrique Mandetta, Luciano Huck, Ciro Gomes, João Dória, João Amoedo e Eduardo Leite lançaram um manifesto no qual defendem a democracia e as instituições. O que não deve surpreender a ninguém com um mínimo de consciência, uma vez que a democracia existe exatamente para isto: defender e reificar as instituições burguesas, passando aos trabalhadores a falsa sensação de que por meio do voto será possível transformar radicalmente a sua condição de explorados e oprimidos.

Da forma mais desavergonhada possível e utilizando-se das mortes e da crise provocada pela pandemia da covid-19 para se autopromoverem, os seis oportunistas apresentam-se aos eleitores como verdadeiros “salvadores da pátria” e “pessoas sérias”. No entanto, esta aparência não resiste a três segundos de análise crítica. Vejamos.

Ex-ministro de Bolsonaro, Henrique Mandetta é um desqualificado que sempre foi conivente com a destruição do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país e sua entrega ao setor privado, sendo também um dos responsáveis pelas mais de 400 mil mortes provocadas pela doença desde o início da pandemia.

Ciro Gomes, por sua vez, foi um dos responsáveis pela vitória eleitoral de Bolsonaro em 2018, quando então fugiu para Paris no início do segundo turno. Ególatra ao extremo, Ciro foi ministro de Itamar Franco e sempre buscou (sem sucesso) se apresentar à burguesia como candidatura viável para salvar as instituições.

Desprovido de qualquer sensibilidade para com a situação dos trabalhadores, Luciano Huck, por sua vez, é um vigarista liberal que, todas as semanas, comanda um dos mais rasteiros, repugnantes e alienantes programas da TV brasileira.

Quanto a João Dória Jr., é preciso lembrar que em 2018 ele ganhou a eleição para o governo de São Paulo após somar seu nome ao de Bolsonaro, criando uma famosa dobradinha que ficou conhecida como Bolsodória. Para completar esse quadro de degeneração que expressa seu ilimitado oportunismo, Dória é um dos políticos burgueses que mais vem explorando a guerra das vacinas para se autopromover.

Em relação aos demais signatários do manifesto (João Amoedo e Eduardo Leite), são da mesma extirpe dos citados, com a diferença de que atuam em menor escala.

E a esquerda brasileira? Como vem se comportando? Infelizmente, o que sobrou da esquerda brasileira vem sendo absolutamente conivente com a farsa montada para as eleições burguesas. Guilherme Boulos (PSOL) e Lula (PT) não assinaram o manifesto das candidaturas burguesas, mas isto não os exime de responsabilidade pela montagem da farsa, uma vez que, em nenhum momento, questionam a legitimidade da dominação burguesa no Brasil e suas instituições. Ao contrário.

Boulos, por exemplo, é um vigarista travestido de bom moço que, a cada momento, assume atitudes demagógicas que talvez deixassem Jânio Quadros e Fernando Collor envergonhados. Morador de Campo Limpo, na capital paulista, o candidato do PSOL tenta passar a impressão de que viveria num bairro proletário e em meio a uma realidade tipicamente proletária, o que é absolutamente falso. Recentemente, ao participar de um conhecido programa da TV brasileira, Boulos falou mal de Cuba, dizendo não ter vontade de viver na ilha caribenha. Sim. Boulos não gostaria de viver num país onde não há miséria, onde todos têm pleno acesso à saúde e à educação. Boulos não gostaria de viver em Cuba porque lá ele não teria a chance de usar a miséria do proletariado para se autopromover e formar seus currais eleitorais, como fazem o PSOL e as ONGs que apoiam o partido. Boulos não gostaria de viver em Cuba porque, como todo pequeno burguês, Boulos quer apenas garantir uma vida confortável no interior do sistema capitalista.

No que se refere a Lula, principal nome da esquerda reformista, ele mesmo já explicitou que se propõe a disputar a eleição de 2022 para salvar as instituições burguesas. Em inúmeras ocasiões, por sinal, Lula já bateu no peito para frisar que, nos governos do PT, nunca os empresários ganharam tanto dinheiro. Tanto é assim que as migalhas concedidas por Lula ao proletariado em nada tocaram nas bases estruturais da reprodutibilidade capitalista no Brasil. Migalhas como o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, por exemplo, em nada impediram o crescimento das favelas nas periferias urbanas. Migalhas que, por sinal, já foram todas anuladas pelo aprofundamento da crise capitalista.

A esquerda reformista — PSOL e PT à frente — é portanto conivente com a farsa eleitoral que a burguesia e o imperialismo preparam para 2022. Farsa que também inclui um capítulo adicional no circo de horrores: a caça ao voto dos segmentos evangélicos, defendida abertamente por Lula e Boulos.

Eleições burguesas são sempre uma grande mentira porque, além de carrearem as energias do proletariado para o fortalecimento da institucionalidade, mantêm a miserabilização do proletariado e a dominação burguesa no interior das formações sociais capitalistas.

Nós, do MM5, só participamos de eleições, mesmo no interior de formações capitalistas, quando tais eleições — realizadas em conjunturas muito específicas, nas quais as instituições burguesas estejam fragilizadas — permitem ao proletariado colocar suas bandeiras, consignas, aspirações, propostas e palavras de ordem pela revolução socialista. Em suma, quando o proletariado, dirigido por um partido revolucionário, possa acumular forças para avançar substancialmente rumo à tomada do poder.

Infelizmente, ainda não é este o caso do Brasil e de vários outros países. Por isso é tão necessário e urgente que o proletariado se organize de forma independente, construindo seu partido revolucionário no Brasil. Um partido marxista leninista que seja efetivo sujeito político da revolução proletária que tanto almejamos.

Venceremos!

 

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