Após sofrer fortes chuvas que, até o momento, já deixaram 130 mortes e 218 desparecidos, a tragédia que se abateu esta semana sobre Petrópolis (RJ) tem sido objeto de uma indecente espetacularização por parte da imprensa burguesa. Na maioria esmagadora das notícias, a cobertura dos eventos está sendo marcada pela morbidez e excessiva dramatização forjada por pauteiros, repórteres e editores que em nada devem a famintos corvos e abutres em busca de carniça.
O pior é que, nessa lógica do vale tudo por mais audiência, os jornais burgueses também reproduzem a ideologia que sempre atribui a “fenômenos extremos da natureza” a culpa pelas mortes, desabamentos e perdas inimagináveis sofridas pelo proletariado. Como se todas essas perdas fossem um fenômeno “natural” e inevitável.
O máximo a que alguns poucos jornais chegam — quando ensaiam alguma crítica — é atribuir as perdas sofridas pelos trabalhadores a uma suposta “incompetência” ou “falta de vontade política” dos governos para resolver os problemas relacionados à favelização e à falta de moradias, ocultando assim que, nas formações sociais capitalistas, o proletariado nunca foi prioridade das políticas urbanas.
Afinal, como comitês gestores de negócios da burguesia, os estados burgueses priorizam recursos e orçamentos para a burguesia, sob a forma de perdões fiscais a grandes empresas, empréstimos generosos e tolerância com a corrupção.
Da mesma forma que o ocorrido após as chuvas de Minas Gerais e da Bahia, que também deixaram centenas de mortos e milhares de desabrigados, as vítimas de Petrópolis foram mortas pelo capitalismo.